sábado, 13 de julho de 2013

a dificuldade das palavras para com os grandes

para quem está habituado a ter que lidar com as letras e as palavras, muitas vezes encontra-se perante um dilema. a página em branco. como começar, por onde começar, que detalhe abordar. acontece a escritores, jornalistas, letristas. e, pelo que me dizem os mais velhos nestas andanças, é muito comum, não sendo um exclusivo dos menos experientes.

falar sobre quem é grande, tem um enorme percurso, um cv invejável, marcou a história de alguém ou de um país, é um desses momentos em que essa dificuldade se adensa, não conseguindo escolher um único ângulo de abordagem.

falar sobre o igor - meu irmão - é um desses casos. sim, não é reconhecido a uma larga escala, mas torna-se - facilmente -, um ídolo e um exemplo para quem o conhece. de fácil trato e com uma educação sublime, não se torna complicado aproximar-se dele. quem conhece a história e as batalhas de uma guerra interminável, jamais se quer livrar dele.

falar sobre tudo o que já passou remeter-me-ia para um testamento, para o qual não tenho tempo e não acho útil relembrar, neste momento.

apetece-me falar apenas da coragem, determinação, capacidade de luta e de encaixe. apetece-me falar da resistência e do encanto. sim, há lágrimas. medos. tremores. não faltam as dúvidas e as inquietudes constantes. mas há sempre um sorriso e um conforto para quem com ele sofre e luta lado a lado.

e sim, pode haver miocárdios insuficientes, tumores chatos e rins lesionados, mas nós teremos sempre o sorriso do igor, a força indestrutível de um "incrível hulk" - acho que não vais gostar desta comparação -, e a coragem de um super-homem que ele é, efectivamente.

uma das maiores graças que deus me concedeu - e julgo que à maior parte dos que o conhecem - foi que se tivesse cruzado nas nossas vidas com o seu exemplo.

ontem, fizeste 28 anos, já viveste como se tivesses 82, mas precisamos de ti por muitos e muitos mais. e é isso que vai acontecer, certamente.  apesar dos miocárdios insuficientes, tumores chatos e rins lesionados. pois há um igor superior, que sabe como lutar por ele. e por nós.

terça-feira, 18 de junho de 2013

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depois de um período sabático, chegou a hora de regressar à blogosfera. a saudade aperta, e a actualidade assim o exige.



sexta-feira, 5 de outubro de 2012

república, sempre

sou um democrata convicto. tenho uma enorme facilidade em conviver, ou discutir com pessoas com pensamentos ou ideais completamente diferentes dos que eu defendo. gosto de ouvir, pensar, falar. mas se há coisa que não gosto de ouvir, que me custa aceitar, é a defesa da monarquia. poderia enumerar imensas razões, mas basta-me uma: não aceito, nem tolero, que os cidadãos de um qualquer país, não possam escolher quem querem para chefe de estado.

contra corrente

inesperadamente, acordámos com a notícia de que margarida marante, vítima de ataque cardíaco, tinha falecido.
margarida marante marcou, incondicionalmente, o jornalismo em portugal. iniciou a sua carreira aos 20 anos, no semanário "o tempo", ingressando na rtp, dois anos depois. teve uma curta passagem pela tsf e foi uma das caras fundadoras da sic, onde se especializou na entrevista política e em programas de debate. esta semana, contra corrente e cross fire foram alguns dos programas, onde margarida marante mais se notabilizou. além disso, ainda foi directora da revista elle. frontal, assertiva, inteligente.
como diria o jornalista ricardo kotscho, "o jornalsta não tem que agradar ao dono, ao político, a nós mesmos. tem que agradar ao público". margarida marante cumpriu bem esse papel, se bem que nos últimos anos, se tenha mantido afastada das luzes da ribalta. uma perca insubstituível, contra corrente.


o vídeo do debate entre mário soares e freitas do amaral, naquelas que foram as eleições presidenciais portuguesas, mais equilibradas. debate esse, moderado por margarida marante.


segunda-feira, 1 de outubro de 2012

da oposição ao governo

mesmo antes de conhecer o conteúdo do pec iv, passos coelho anunciou que iria chumbar o documento, pois o governo de então, liderado por josé sócrates, o tinha apresentado em bruxelas, sem o ter negociado, nem apresentado à oposição parlamentar. depois, o próprio passos coelho confessou que se tinha reunido com josé sócrates, onde foi debatido o pec iv, mas isso agora não interessa nada. 
hoje, só vos queria mostrar isto.

domingo, 30 de setembro de 2012

sartre é que sabe

"(...)Tínhamos perdido todos os nossos direitos e, em primeiro lugar, o de falar; éramos ultrajados a cada dia e tínhamos de nos calar; éramos deportados em massa como trabalhadores, como judeus, como prisioneiros políticos; em todo lugar, nos muros, nos jornais, nas telas de cinema, reencontrávamos o semblante imundo que nossos opressores queriam nos dar de nós mesmos: por causa de tudo isso éramos livres.(...) As circunstâncias muitas vezes atrozes de nosso combate nos tornaram capazes de viver enfim, sem disfarces e sem véus essa situação dilacerada, insuportável que se chama a condição humana. (...) Cada um de seus cidadãos sabia que se devia a todos e que só podia contar consigo mesmo; cada um compreendia, no mais completo desamparo, seu papel histórico. Cada um deles, contra os opressores, decidia, empreendia ser ele mesmo, irremediavelmente, e escolhendo a si mesmo em sua liberdade, escolhia a liberdade de todos. Essa república sem instituições, sem exército e sem polícia, era preciso que cada um a conquistasse e a afirmasse a cada instante. Eis-nos agora, às vésperas de uma outra República: não podemos esperar que ela conserve à luz do dia as austeras virtudes da República do Silêncio e da Noite".

Este texto, incompleto, de jean-paul sartre, é o responsável pelo título deste blogue. embora não tenha sido forçado a um silenciamento forçado, durante largos meses considerei que teria que ser essa a minha condição, por vários motivos. decidi voltar a fazer aquilo que mais gosto. escrever. escrever sobre tudo e sobre nada. dos assuntos mais sérios, aos mais ligeiros, mais duros, aos mais divertidos. tudo aqui será abordado, com mais ou menos regularidade, consoante o meu estado de espírito. estamos num tempo em que sabemos que é connosco que podemos contar, em que percebemos que todos temos o nosso "papel histórico". vamos então a isso.