domingo, 30 de setembro de 2012

sartre é que sabe

"(...)Tínhamos perdido todos os nossos direitos e, em primeiro lugar, o de falar; éramos ultrajados a cada dia e tínhamos de nos calar; éramos deportados em massa como trabalhadores, como judeus, como prisioneiros políticos; em todo lugar, nos muros, nos jornais, nas telas de cinema, reencontrávamos o semblante imundo que nossos opressores queriam nos dar de nós mesmos: por causa de tudo isso éramos livres.(...) As circunstâncias muitas vezes atrozes de nosso combate nos tornaram capazes de viver enfim, sem disfarces e sem véus essa situação dilacerada, insuportável que se chama a condição humana. (...) Cada um de seus cidadãos sabia que se devia a todos e que só podia contar consigo mesmo; cada um compreendia, no mais completo desamparo, seu papel histórico. Cada um deles, contra os opressores, decidia, empreendia ser ele mesmo, irremediavelmente, e escolhendo a si mesmo em sua liberdade, escolhia a liberdade de todos. Essa república sem instituições, sem exército e sem polícia, era preciso que cada um a conquistasse e a afirmasse a cada instante. Eis-nos agora, às vésperas de uma outra República: não podemos esperar que ela conserve à luz do dia as austeras virtudes da República do Silêncio e da Noite".

Este texto, incompleto, de jean-paul sartre, é o responsável pelo título deste blogue. embora não tenha sido forçado a um silenciamento forçado, durante largos meses considerei que teria que ser essa a minha condição, por vários motivos. decidi voltar a fazer aquilo que mais gosto. escrever. escrever sobre tudo e sobre nada. dos assuntos mais sérios, aos mais ligeiros, mais duros, aos mais divertidos. tudo aqui será abordado, com mais ou menos regularidade, consoante o meu estado de espírito. estamos num tempo em que sabemos que é connosco que podemos contar, em que percebemos que todos temos o nosso "papel histórico". vamos então a isso.